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Compressão Torácica Mecânica





Uma das principais preocupações do guidelines 2005, é a qualidade da ressuscitação cardiopulmonar (RCP), principalmente na sua etapa de compressão torácica. Em diversos estudos, utilizados como bases para sua composição, evidenciaram que a RCP, mesmo quando realizada por profissionais de saúde (PDS), é frequentemente feita de modo inadequado – ventilações excessivas (quando via aérea avançada presente), compressões torácicas com interrupções constantes, além de lentas ou muito superficiais – ocasionando a diminuição do débito cardíaco, queda da pressão de perfusão coronariana e piora evolução.


Dispositivos alternativos estão sendo desenvolvidos e estudados, alguns já estão em pleno uso, por exemplo, o LUCAS, o qual é um compressor mecânico que, acoplado ao tórax do paciente, executa compressões ininterruptas. Este equipamento consiste em um pistão pneumático, com uma ventosa em sua ponta, que comprime o peito do paciente contra uma bandeja, essa é posicionada na parte posterior do paciente.

Assista um vídeo através do link: http://www.jolife.se/site.php?lan=en&sid=c&cat=48&ref=48

Em um estudo recente, realizado no hospital universitário Brugmann, em Bruxelas, envolvendo 150 pacientes que sofreram parada cardiorrespiratória súbita, foi observado que dos 123 pacientes reanimados com o LUCAS, 71 (57,7%) tiveram o retorno da circulação espontânea (RCE), comparado com o grupo controle de 140 pacientes, o qual foi utilizado apenas compressões torácicas manuais. Neste grupo, 31 (22,14%) pacientes tiveram RCE.

O LUCAS não é liberado para uso pelo FDA nos Estados Unidos, entretanto, é permitido em diversos países da Europa. Ainda são necessários muitos estudos para uma utilização ampla de dispositivos alternativos de compressão torácica, além disso, é necessário avaliar os conflitos de interesses nos estudos já existentes.

Os benefícios de um dispositivo de compressão mecânica são diversos: permite que os integrantes da equipe de atendimento se preocupem com outras intervenções; após ajustado, não interrompe nem perde o ritmo das compressões torácicas; permite a realização de RCP durante o transporte do paciente, não colocando em risco a equipe.

Em contrapartida, seu uso é limitado ainda para adultos, há artigos demonstrando uma incidência maior de fratura de esterno do que no método manual e não há pesquisas sobre o uso em pacientes com PCR associado ao trauma.

Nos diversos artigos que consultei não encontrei nenhum que apresentasse resultados concretos de melhora na sobrevida a longo prazo, mas, em quase todos, houve uma melhora hemodinâmica do paciente em curto prazo. Toda tecnologia nova, na medicina, é bem-vinda, desde que seu benefício seja maior que o custo e seus dados se baseiem em evidências.

Este artigo não foi patrocinado por nenhuma empresa e tem apenas motivação científica.